O escritor argentino Jorge Luis Borges concedeu um extenso número de entrevistas nas suas três últimas décadas de vida, que aqui se propõem sejam consideradas como parte significativa de sua produção literária. Para tanto, verificam-se sua tomada de posição diante da entrevista e da conversa, os jogos que realiza durante o acontecimento do diálogo, as suas aventuras com a palavra e as incursões que promove, oralmente, pela narrativa e pelo ensaísmo. O que se descobre é que Borges singulariza a entrevista como uma experiência estética. Na medida em que faz dela um meio de reflexão colaborativa e criativa, coloca em xeque as tentativas de delimitar e categorizar campos como a entrevista, a conversa e o ensaísmo. Vislumbra-se como Borges não apenas realiza um potencial poético da entrevista como ainda, através dela, renova o ensaísmo, fazendo do diálogo um de seus projetos literários finais.