No período da Regência Inglesa, o extremo esmero do traje masculino se torna sinônimo de uma postura ideológica e rejeição aos códigos de conduta e dos valores burgueses. Surge assim a figura do dândi, que se opõe com um sentimento de superioridade elitista, cultivando a irresponsabilidade no decurso de um dia a dia voltado ao ócio e enraizado na excentricidade de uma elegância impecável e transgressora; indissoluvelmente britânica. George Bryan Brummell reforça a importância da moda masculina e integra-se numa atmosfera de sofisticação aristocrática que faz reviver o estilo da Regência. O homem refinado e hedonista das preocupações externas que se torna referencial em um estilo de vida interligado com os valores do esteticismo e decadência é a figura interdisciplinar que transita no universo da história da cultura, na moda e literatura nos séculos XIX e XX. Sob o olhar de Jules Barbey d'Aurevilly, o dandismo ganha notoriedade, mas como força social perde peso e resigna-se a ser alvo dos ataques ferozes por parte dos gentlemen da época vitoriana. A partir desse momento, como mecanismo de sobrevivência, o dandismo necessita de novos vieses e cabe a um dândi francês, Charles Baudelaire, nos anos de 1860, esse papel de revitalização, orientada no sentido de aproximação à arte e de uma dimensão intelectual – que se apoia na doutrina da Arte pela Arte e no esteticismo.