Na minha infância eu invejava a sorte dos meninos. A vida das mulheres de então, na sua maioria era insossa. Não era o que eu queria ser quando adulta. Ah! Os homens, esses sim, tinham uma vida rica: iam estudar fora, tinham independência e maior liberdade! Entretanto, dois fatos me fizeram mudar de opinião: dominar a leitura e a escrita e descobrir que as mulheres poderiam ter os privilégios que os homens tinham se lutassem por eles. Seriam conquistas e não dádivas. Era um desafio e tanto! Bastava que as mulheres se engajassem nele! Assim a leitura permitiu que minha curiosidade fosse satisfeita sem precisar, muitas vezes, enfrentar a resistência dos adultos em esclarecê-la. Lendo tive notícias da cientista Mme. Curie, da poeta Zalina Rolim, da primeira deputada brasileira, Carlota Pereira de Queiroz... Por que, então, não divulgar o arrojo dessas brasileiras ao longo de nossa história na conquista do espaço que hoje trilhamos com desenvoltura? Por meio de 60 biografias contei a História do Brasil sob a ótica feminina no Elas, as Pioneiras do Brasil. Posteriormente, com Victoria Secaf , foi a vez de narrar a luta de quinze mulheres na implantação do sistema Nightingale na enfermagem brasileira. Essas publicações visavam mostrar que, embora nosso país fosse bastante jovem, "com desenvolvimento mais lento que os nossos vizinhos do Norte e com recursos menores" produziu mulheres maravilhosas mesmo com as mais variadas dificuldades. E agora, para não ser uma voz isolada, convidei uma plêiade de mulheres para escrever sobre a contribuição de 21 estrangeiras, de diversas especialidades e nacionalidades, no desenvolvimento cultural de nossa terra e como fonte de inspiração do gênero.