Na forma, nosso escritor incursiona por vários estilos: Por vezes sua poesia se aproxima da prosa, mas claro, é prosa poética. Em seus poemas, o leitor nunca encontrará uma linguagem difícil, no máximo algum neologismo que é fruto de seu discreto, mas eficaz experimentalismo. Gosta de organizar palavras justapostas, para produzir sentidos e, assim, vai limando interessantes poemas minimalistas. Notam-se umas pitadas de concretismo. Só quando necessário faz uso da rima, ou seja, ele prefere o verso livre. Brinca com onomatopeias, aliterações em busca de ritmos e plasma boas sinestesias. O uso das metáforas é ágil. Lá no final da presente coleção o leitor encontrará até haicais 5-7-5. Passando à temática, o autor começa logo com um texto sobre o poeta, típico momento de reflexão sobre a linguagem: a meta-poesia. Sua visão é ampla, visita de tudo. Usa bem da intertextualidade com o hino nacional, resgatando valores cívicos. Saudosista, evoca a infância com frequência como escape deste mundo enlouquecido. Seu genuíno lirismo transporta. Gosta do elemento surpresa ,o que dá vivacidade a alguns de seus textos. Denuncia o poder do vil metal, pratica a auto ironia e, quando ‘pira’, usa até da linguagem vulgar, para expressar o animalesco que subjaz na paixão do ser humano. Aqui e ali a terminologia médica filtra nos poemas, mas se trata de mais um recurso tirado de sua formação profissional, tudo a ver. Perpassa sua produção elementos sutis da espiritualidade monoteísta. Há divertidas notas cósmicas e... sensuais. Assim, ao descrever a paixão carnal, com certa dose de naturalismo, pode até levar o leitor a uma ebriedade dionisíaca e ser, portanto, bem envolvente. Sempre julga os seres humanos com profunda compaixão. Trabalha não poucos personagens femininos, demonstrando sempre um olhar de resgate da dignidade deles. Flerta com a linguagem caipira, para retratar a sábia reflexão dos homens simples. Apresenta, não raro, verdadeiros enigmas e o leitor que trate de digeri-los,