Não se trata de um trocadilho com o título do livro. Este livro nasceu efetivamente nas ruas. Durante as três semanas de protestos que tomaram as ruas de várias capitais e ao menos 100 cidades brasileiras no mês de junho de 2013 e os que se seguiram, os dois autores mergulharam nas manifestações, nas reuniões e assembleias de organizadores, em inúmeras entrevistas. Munidos da câmera fotográfica e blocos de anotação, procuraram as motivações e as formas de organização desta redescoberta das ruas pelos brasileiros. Perceberam diferenças agudas com as manifestações pelas eleições diretas no início dos anos 1980 ou as que redundaram no impeachment do Presidente Collor. E coincidências com outras manifestações juvenis, do Occupy nos EUA aos Indignados da Espanha, passando pela Primavera Árabe. O Brasil parecia começar o século XXI ali, nos protestos juninos. Um recorte geracional, antes de tudo. Quase todos destacaram a horizontalidade. A pauta era múltipla, feita por cada um que chegava às manifestações. As mesas diretoras das assembleias que se realizavam embaixo de viadutos ou em outros espaços públicos eram sorteadas. Os manifestantes não queriam vanguardas. Não por outro motivo, os índices de popularidade de todos governantes despencaram. Os partidos, que nos últimos anos nunca superaram os 5% de índices de confiança dos brasileiros, revelaram seu profundo divórcio com o cotidiano dos brasileiros. Um enigma que este livro procurou compreender. Na sua diversidade e a partir do olhar e depoimento de seus protagonistas.