Fazia apenas oito anos que a República Brasileira havia sido proclamada, e o governo temia que os monarquistas revertessem ao status quo ante, e restaurassem o Império. Foi quando, no interior árido do nordeste, surgiu um movimento popular chefiado por uma figura carismática, meio mística, meio revolucionária, que pregava abertamente o ódio contra o governo republicano, e louvava o imperador Pedro II. Este é o pano de fundo do livro que descreve o drama que se desenrolou no vale seco do rio Vaza Barris, no norte da Bahia, quando, forças federais tentaram por quatro vezes, desalojar e exterminar, uma pequena cidade, com cerca de cinco mil casas, e aproximadamente trinta e cinco mil habitantes. Os Quatro Fogos, é um romance que conta a estória de dois jovens, nascidos no mesmo ano de 1878, porém em regiões e cidades completamente diversas. Também eram diversas as condições econômicas dos dois, pois, enquanto um era filho de escravos, a família do outro tinha recursos, embora parcos. Quis o destino, que estes jovens, no ano de 1897, se enfrentassem em pleno sertão baiano, numa luta cruenta e desigual, atuando em lados opostos, na mais sangrenta campanha desferida pelo Exército, contra um santarrão, que atendia pelo pseudônimo de Antônio Conselheiro. O governo da novel república, e os coronéis donos de fazendas de gado, circunvizinhas ao Arraial do Bom Jesus, incomodados com a grande afluência de retirantes da seca, que procuravam o arraial para fugir da fome, declarou-lhes então guerra de extermínio.