A CABEÇA DA GÓRGONA

A percepção do poder como algo pertencente à ordem da natureza sempre foi dificultada pela hybris, o excesso, tão frequente em seu exercício. Tal fenômeno se viu transformado com a mudança de significado experimentada com a modernidade. O totalitarismo é, pela mesma razão, diverso da ditadura e do autoritarismo e consiste numa metafísica social destruidora da relação política, inclusive entre as ditas democracias. A cabeça das Górgonas, ornadas de serpentes em lugar dos cabelos, e que convertiam em pedra quem encarasse seus olhos, simboliza a realidade do poder moderno, ilimitado e invasor. A cabeça da Górgona – da “hybris” do poder ao totalitarismo moderno – originalmente publicada pela Ediciones Nueva Hispanidad, de Buenos Aires, em 2001 –, pela primeira vez apresentada aos leitores de língua portuguesa pela Livraria Resistência Cultural Editora, com prefácio de Rafael Vitola Brodbeck e posfácio de Cesar Ranquetat Jr., é obra de capital importância para a compreensão da modernidade.