Através do estudo sistemático e de conjunto dos exemplos conservados de casas fortes no Alentejo, que, na sua grande maioria, são predominantemente do fim do século XV e inícios do XVI, a autora pôde confirmar, com a segurança que a investigação efectuada lhe permite, quer a implantação mais tardia de novas linhagens nesta região, em comparação com o que se verifica no Entre Douro e Minho (e, por essa via, testemunhar também uma nova organização territorial e de poder no Sul do país), quer as diferenças arquitectónicas que, apesar de tudo, essas casas fortes ou torres também apresentam: não deixando de aparentar um facies militar, elas exibem agora novos elementos de conforto, de acordo com a evolução das habitações de reis e da grande nobreza no final da Idade Média – os paços. JOSÉ CUSTÓDIO VIEIRA DA SILVA (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa)]. A casa forte alentejana é a projeção da primitiva domus fortis medieval no despontar da época moderna e que, por isso mesmo, vem mostrar a interação entre a medievalidade e a modernidade. Efetivamente, a volatilidade das balizas cronológicas quase nos permitiria afirmar que estamos perante casas fortes modernas, embora a sua conexão com a Idade Média seja talvez demasiado intrínseca para que assim as possamos considerar. Não podemos dizer que estas torres são inteiramente medievais ou inteiramente modernas, mas antes que se trata de construções com elementos morfológicos e simbólicos, alguns de reminiscência medieval e outros que servem de prelúdio à época moderna. São, afinal, um testemunho desta transição cronológica que espelha precisamente a inevitável transformação política e de mentalidades que vinha ocorrendo desde o final da Reconquista até finais do século XV e inícios do XVI.