O processo de construção do conhecimento não cabe apenas no espaço
formal das salas de aula. Quem nos diz isto é um autor que, como professor de
História, tem mais de vinte anos de experiência no mercado carioca de educação,
ministrando aulas em escolas particulares e num instituto federal. Monty Hinke nos
brinda com um texto, ao mesmo tempo, acadêmico, científico e informal. Suas
preocupações são legítimas: há estudantes que concluem o Ensino Médio sem jamais
ter frequentado bibliotecas, cinemas, centros culturais, centros históricos ou museus.
Mas, ao contrário do que o senso comum pode sugerir, não são só as carências
materiais que privam os estudantes de acessar bens culturais, evidência de um país
caracterizado pela desigualdade também no sistema educacional. Muitas escolas
privadas, sobretudo aquelas que cultivam práticas pedagógicas voltadas
exclusivamente para a preparação para as provas de vestibular, que Paulo Freire
definiu como “aulas bancárias”, também negam aos seus alunos visitações aos
equipamentos culturais. No título da obra, Os Lugares de Amnésia, um conceito
proposto pelo antropólogo francês Joël Candau, revela-se um olhar sensível sobre os
lugares esquecidos pela memória coletiva carioca no Centro Histórico: cemitérios,
patíbulos, pelourinhos, locais de chacinas e espaços de linchamentos. É um livro que
consegue ser complexo, mas também de fácil leitura. O autor desenvolve uma prosa
agradável e inovadora, dispensando formalismos que muitas vezes tornam o texto
árido, cansativo e distante do leitor. Uma obra indispensável para educadores que
reconhecem a importância das atividades pedagógicas não formais.