A FALÊNCIA

Ao chegar no Brasil, Francisco Teodoro ergue seu império: ele acumula uma fortuna ao se tornar um eminente empresário e se casa com a bela e dócil Camila. No entanto, por trás das aparências de uma família perfeita escondem-se tensões e desejos que evidenciam as fissuras morais de uma sociedade em busca desenfreada por luxo e poder. Aos poucos, os personagens são levados a um declínio financeiro, social e ético; à falência, por fim, de uma ordem patriarcal sustentada por convenções e status.

Escrito no início do século XX, A falência é o retrato de um país em ebulição: um clássico que questiona os jogos de poder das elites, os papéis de gênero e, principalmente, as contradições de uma época decisiva para o Brasil. Com seu olhar sagaz e político, a autora trava um debate sobre a modernização e as tensões conservadoras da época, e dá voz, de maneira pioneira, aos desejos de autonomia das mulheres.

? A edição da Antofágica conta com estabelecimento de texto e notas de Gabriela Trevisan, doutoranda em História (Unicamp) e especialista na obra de Júlia Lopes de Almeida e mais de 30 ilustrações da artista Giulia Bianchi. A apresentação é assinada por Ana Lima Cecilio, editora e curadora das 22ª e 23ª edições da Flip, e, nos posfácios, Ligia Gonçalves Diniz, professora de teoria literária (UFMG) e autora de O homem não existe: masculinidade, desejo e ficção, constrói uma análise sobre a representatividade masculina no romance; Gabriela Trevisan reflete sobre o percurso e o contexto histórico vivido pela autora. Por fim, Geni Núñez, psicóloga, ativista indígena e autora de Descolonizando afetos, faz uma leitura sob o viés da crítica às heranças coloniais desenvolvida no romance. Projeto gráfico e capa por Elisa von Randow, do estúdio Alles Blau.