‘Gostaríamos de destacar o particular interesse desta obra pelo facto de se debruçar sobre o arco cronológico em que Portugal se formou como reino independente. Não há dúvida que a guerra foi, e continua a ser, o mecanismo através do qual se forjaram e forjam reinos, estados e nações. Para infelicidade da nossa espécie, as organizações políticas em que se inserem as comunidades humanas formaram-se a partir de uma conflitualidade recorrente. Há que reconhecer que, se queremos conhecer a sua história, isto é, a nossa história, temos de contemplar a morte, o infortúnio, a destruição e o medo associados à guerra. Esta obra é disto um bom exemplo. Por tudo o que antecede, estamos convencidos de que a guerra medieval, enquanto objeto de estudo, é uma atalaia privilegiada para estudar o conjunto social, as intrincadas instituições políticas, as economias ou a produção cultural. Carlos Afonso demonstra-o: sem o conhecimento dos conteúdos que aqui se apresentam, não será possível entender a história de Portugal.’ FRANCISCO GARCÍA FITZ (Prof. Catedrático, Univ. Extremadura – Cáceres). Uma história da guerra nos séculos XII e XIII não pode ser compreendida, nem trabalhada, sem considerar os contextos mentais, políticos e sociais em que tudo decorre. Importa traçar essa contextura de suporte, à vista da qual a informação obtida adquire sentido e nos permite colocar as questões adequadas. Impõe-se, portanto, identificar os principais conceitos relacionados com a conflitualidade no período – e distinguir bem as abordagens coevas das aposições historiográficas posteriores, que frequentemente nos legaram visões distorcidas e eivadas de cargas ideológicas pouco relacionadas com os contextos originais. Importa, também, observar o período que estudamos na diacronia, caraterizando os principais acontecimentos com interesse para a compreensão das principais dinâmicas relacionadas com a guerra.