O livro de poesia A ignorância da revolta, de Edgar Cézar Nolasco, fecha a trilogia iniciada com o livro Pântano (Intermeios, 2014) e Oráculo da fronteira (Intermeios, 2018). Diferentemente dos dois livros anteriores, neste de agora o autor volta-se para uma inscrição de seu próprio bios na narrativa poética, e o faz por meio da presença de seu lugar fronteiriço, ale, claro, de trazer para dentro na poética sua escrevivência enquanto professor de Teoria da Literatura e Literatura Comparada na universidade pública brasileira. Grosso modo, os poemas do livro procuram contornar a fusão entre o poético e a teorização poética, visando, assim, pontuar para seu leitor que o que é da ordem da poesia e da não poesia podem inscrever-se com uma mesma carga de uma poesia teorizada, para não dizer vivida e sentida por meio de quem a produz, e cuja reflexão poética e teórica pode e deve ser sentida por que a lê. Já o titulo Ignorância da revolta emblematiza um vórtice entre o saber e o não-saber, o conhecimento e a ignorância, o dito e o interdito, o centro e a fronteira, o moderno e o descolonial.