A obra A Injustiça na Terra de Ninguém, do poeta Mateus Vieira Có, reúne memória, cultura, ancestralidade e resistência para denunciar a violência do processo de colonização na Guiné-Bissau. Com voz poética singular, o poeta constrói um universo poético sensível e crítico, no qual as lembranças da infância aparecem entrelaçadas às recordações sobre a história e a luta do povo guineense por independência. No trabalho poético do poeta Mateus, a palavra revela a busca por liberdade e a necessidade de romper o silêncio, o temor e a opressão. A injustiça não pode ser invisibilizada. Ela deve ser combatida de forma coletiva e socialmente orientada. A terra de ninguém é a casa natural de todas e de todos que sofreram a violência da exclusão, do preconceito, da dor e das perdas. As desigualdades sociais expostas na tessitura dos poemas instigam a reflexão e o nosso engajamento para a transformação do mundo. Neste contexto de reflexão, o Brasil também é lembrado pelo poeta. A vida do poeta, no Brasil, também é abordada. Elegendo o fio condutor das múltiplas aproximações possíveis entre Guiné-Bissau e o país em que o poeta vive atualmente, Mateus estabelece um olhar sensível e atento aos sentimentos, emoções e experiências humanas em diferentes contextos sociais. Como um semeador que prepara o solo deforma cuidadosa, o poema lança as sementes da justiça e da fraternidade na terra fértil da poesia. A leitura da obra A Injustiça na Terra de Ninguém planta, no coração das leitoras e dos leitores, a vontade profunda de erguer a voz ao lado do poeta para, com ele, continuar preparando novas terras em busca da colheita dos frutos da dignidade humana.