James Campbell, em 'À margem esquerda', estuda o universo intelectual de Paris do final da guerra aos anos 60. O autor encontrou nas obras de escritores famosos radicados em Paris - como Gertrude Stein e Scott Fitzgerald - o prenúncio da Geração Beat e da contracultura que tomaria as décadas de 1960 e 70. Um incisivo, e muitas vezes surpreendente, retrato da geração beatnik, imprescindível para o melhor entendimento da literatura deste século. Tendo como fio narrativo a vida dos escritores norte-americanos Richard Wright e James Baldwin, James Campbell enxerga nos trabalhos e mesmo na vida boêmia destes artistas, até então fora dos grandes circuitos literários, várias semelhanças. Principalmente nas temáticas revolucionárias: suas obras quase sempre eram protagonizadas por personagens negros - alter ego de seus escritores. Figuras emblemáticas que personificavam a luta contra o racismo e a segregação social. Propositalmente, Campbell deixa de lado nomes sempre associados à cidade, como Jean-Paul Sartre, que apenas é citado superficialmente. 'À margem esquerda' traz histórias singulares em suas páginas, como a ligação entre escritores e a CIA - central da espionagem americana - e a experiência do jazzista e novelista francês BorisVian, que se passou por afro-americano. Campbell refaz o caminho de publicações censuradas e assinadas com pseudônimos, obras taxadas como pornográficas ou subversivas. Além de brindar os leitores com um revigorante perfil de Samuel Beckett e uma analise profunda de sua obra. Através de uma acurada pesquisa biográfica, Campbell faz a distinção entre escritores que escolheram a rebeldia como forma de expressão e os que foram, simplesmente, renegados à margem pelos leitores e pela crítica especializada.