Esta coletânea de ensaios orienta-se pelo exame sistemático do romance histórico em seu inevitável compromisso realista, reafirmando a premissa central estabelecida pelo filósofo húngaro György Lukács acerca dessa forma literária, a qual ilumina, sob o enfoque da recepção crítica, “o sentimento de que existe uma história, de que essa história é um processo ininterrupto de mudanças e, por m, de que ela interfere diretamente na vida de cada indivíduo” (2011, p. 38). Em vista de tal princípio, reúne-se aqui uma seleta de estudos fundamentais para a compreensão da permanência do romance histórico e de sua íntima ligação com a conjuntura social. Nestas páginas, encontra-se um aguerrido esforço teórico e crítico que procura mapear a constância dessa forma literária e sua contumaz persistência, motivada muitas vezes pelo ideário de que a existência humana ante o prisma do devir histórico, na conformação artística, pode ser particularmente arguta e complexa. A partir do empenho intelectual de pesquisadores de universidades públicas nacionais e internacionais, o leitor encontrará investigações de sólida envergadura, empreendidas na busca pela captação das linhas de força de uma vasta matéria histórica muito vigorosa, cuja tenacidade diz muito sobre a urgência do entendimento do movimento da história, apreendido como uma investida motriz das ações do sujeito em direção a um novo e outro horizonte de transformação da realidade. Em adição, o saldo positivo do presente volume diz respeito ao modo como as leis gerais do romance histórico estão presentes na narrativa de extração histórica encontrada na África, na América e na Europa. Ao se dedicar à apreciação analítica de certa produção do romance histórico nos três continentes em tela, o esforço coletivo do trabalho erudito em questão revela a continuidade de uma forma de expressão cultural esteticamente relevante em diversos sistemas literários, num tempo em que é imperativo e improrrogável o exercício e a diligência para uma consciência política ampla acerca da profunda e consequente relação entre literatura e história.