A REPRESENTAÇÃO DA COMUNA DE PARIS NAS OBRAS DE GUSTAVE FLAUBERT E ÉMILE ZOLA

Em A representação da Comuna de Paris nas obras de Gustave Flaubert e Émile Zola, fruto da dissertação de mestrado de Maria Iracema Giannella de Abreu Pereira defendida no Programa de Pós-Graduação em História da PUC-SP, a autora analisa um momento central na história política moderna a partir da óptica de dois importantes romancistas franceses do século XIX. O exame parte de registros epistolares de Flaubert, de seu romance L’Éducation Sentimental (A Educação Sentimental), bem como dos romances de Zola La Curée (O Regabofe) e L’Assommoir (O Abatedouro), além de artigos que escreveu nos jornais da época. Por meio da análise desse material, aliada a uma contextualização do período, Maria Iracema demonstra como são complexas as relações que os dois autores estabeleceram com a Comuna. Se Flaubert critica em seus romances o mundo burguês, suas simpatias tampouco se voltam para ideologias progressistas, como a democracia e o socialismo. A análise de suas cartas se torna especialmente importante por estabelecer diálogo com as ideias contrastantes de George Sand, sua correspondente. Já Zola, um autor comumente retratado como simpático ao socialismo, passa a demonstrar preocupação conforme a violência dos communards progride, revelando que sua adesão à Comuna é menos precisa do que de início pode parecer. Com este livro, Maria Iracema ajuda a enriquecer a bibliografia brasileira sobre as relações entre literatura, história e política e lança novas luzes sobre como a criação literária incorpora ideologias e visões de mundo.