A SENHORA VESTIDA DE SOL

Este pequeno compêndio de aparições já tem a sua história. Aquando do bimilenário (2000 anos) de Nossa Senhora, convencionalmente celebrado em 1988, alguém propôs que se fizesse uma resenha das aparições marianas mais conhecidas e convidou-me a escrevê-la. Saiu no Diário do Minho, em 31 crônicas, durante aquele ano jubilar, sob o título genérico de Quando Nossa Senhora Fala. Embora o gosto por leituras de sentido religioso ande bastante arrefecido, o certo é que, tanto entre clérigos como leigos, houve apreciadores, a ponto de alguns deles virem instar com o autor para publicar aquilo em livro, pois, além de apresentar curiosas novidades, até daria um inédito “Mês de Maria”. Perante a “descrença” de alguns eruditos, a sugestão de livro não vingou, até porque era de crer que já existissem, em português, tratados das mariofanias. Entretanto, deu o mundo muitas voltas, e algumas rotações abriram alvoradas novas, com intervenções cada vez mais surpreendentes da Mãe do Céu. De forma que o fenômeno das Aparições, agora mais conhecidas e em maior número, só tem feito crescer a oportunidade. Eis a razão de voltar ao prelo. Para justificar o desdém pela maior parte de asseveradas mensagens celestes durante a era cristã, alegam os objetores que a Revelação está toda na Bíblia e terminou com São João, o último Apóstolo a escrever. Já nem se questionam pela sagrada Tradição e valorizam em zero a revelação privada, por mais fidedigna que seja, sem descobrirem que, às vezes, ela é também profética. Decerto Nossa Senhora e o próprio Jesus são os únicos a não saberem que o tempo da Revelação há muito terminou, e têm vindo, freqüentemente, avisar e pedir...Quando, muito recentemente, certa alma, privilegiada com locuções interiores do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria, disse ao Divino Mestre que, segundo os peritos, a Revelação está no Evangelho, Nosso Senhor respondeu:— “É verdade. E tudo se há de cumprir até à última letra. Mas Eu sou a memória viva dessas revelações”. E insistiu: “Eu venho para renovar tudo aquilo que foi ensinado por Mim.” Portanto, Cristo é pela “nova evangelização”. É evidente que as Aparições e respectivas mensagens nunca estão contra o Evangelho. Pelo contrário, insistem nele com amorosa solicitude e repetem, às vezes pelas mesmíssimas palavras, o que o Evangelho já disse. Não são, por isso, nova Revelação, mas sim novas graças. Uma prova claríssima de que as Aparições não são inúteis, mas, ao contrário, de evidente atualidade e vantagem, está no fato de esses lugares se tornarem depressa em centros irradiantes de fé, oração e conversão. Já nem se alude às curas inexplicáveis. Ao publicar agora está coletânea, bastante acrescentada em relação à de 1988 no jornal, previne-se que está longe de ser completa, visto que fenômenos idênticos se têm multiplicado pelo mundo inteiro, embora se incluam aqui alguns casos que não vão além de grandiosas tradições. Quanto aos atraentes santuários marianos, eles exornam lugares santificados pela Aparição ou marcam populares devoções de Irmandades. Nessa perspectiva, presta-se homenagem à infinidade dos que ficam omissos, os quais, por igual, concitam peregrinações de amor e penitência à volta de gloriosos títulos de Maria.