Este livro é, ao mesmo tempo, o resultado de nossas pesquisas de mestrado e doutorado em Serviço Social, mas também uma homenagem a Agnes Heller, filósofa húngara, nome de projeção internacional na filosofia contemporânea, falecida em 2019. Heller foi considerada por György Lukács como o membro mais produtivo do grupo de intelectuais que se reuniu ao seu redor, denominado “Escola de Budapeste”. Este grupo tinha por objetivo formular uma linha de pensamento baseada nos escritos teórico-filosóficos de Lukács e fazer uma releitura da obra marxiana, no sentido de uma correta compreensão do método em Marx. Entre os anos de 1956 e 1977, Heller permaneceu na Hungria e produziu obras que expressavam o tipo de orientação dessa escola. Neste livro, percorremos os principais pontos do itinerário vivo, vivido, histórico e teórico de Agnes Heller, entre os anos de 1956 e 1977, registrando nossa admiração por essa pequena senhora, de fala linear, coerente, horizontal e constante, numa língua que, como dizia Chico Buarque, “até mesmo o diabo respeita”. Heller viveu num país em que os gritos de liberdade foram o mote para a sua história. Seus posicionamentos e sua filosofia são um hino de amor para viver uma vida cotidiana “por inteiro e inteiramente”. Em suas entrelinhas, traz a esperança de um mundo e de uma vida livre dos entraves das desumanidades, apontando para as possibilidades de uma tomada de consciência ética e política na e para a vida social. Assim, deixamos aqui, nossas reverências ante uma vida bem vivida ou, por outro lado, de uma “vida por inteiro”: uma sinfonia infelizmente inacabada.