ANAO DE XAXIM, O

Esta pequena grande viagem encantada por mundos do faz-de-conta, dos mitos e da nossa realidade tem como mote principal a Odisséia de Homero. O herói épico é Dirceu, um anão filho de emigrantes, cujos pais vieram para a cidade e foram morar em um jardim. Mas numa cidade onde o concreto tomou o lugar do verde, aos filhos dos anões de jardim só restam os xaxins. Com tanto cimento, céu e terra se manifestam, e a dura vida dos anões emigrantes não se faz valer apenas pela luta por moradia, mas por refletir sobre a vida adiada. Uma devastadora enchente os obriga a montar uma esquadra e partir em busca de ajuda. Dirceu e seus anões sofrem perseguições e tentações impostas pelos deuses, similares às de Ulisses. Através de recursos lingüísticos, rimas, citação de trechos musicais, humor e irreverência, a autora denuncia não só a devastação das áreas verdes nas cidades, como propõe discutir questões éticas, econômicas e sociopolíticas. Com linguagem elaborada e plural, Juliana consegue provocar risos como um recurso contrário ao das lágrimas por aquilo que já fomos e ainda somos.