As reflexões do professor de Antropologia e de História das Religiões da Universidade de Milão Aldo Natale Terrin em Antropologia e horizontes do sagrado ajudam-nos a refletir a religião em viés antropológico. O livro reúne ensaios e artigos sobre antropologia cultural e sua relação com a visão simbólico-religiosa. A época em que vivemos, apesar de todo o progresso realizado pela ciência em seus diversos campos de atuação, é plena de manifestações da religiosidade humana. Diferente do que se pensou a partir do Iluminismo e mais com o positivismo, o desenvolvimento científico não extirpou a presença do sagrado das culturas humanas. Como entender isso? A civilização atual caracteriza-se por ser global. As mudanças dão-se de modo rápido. As experiências culturais e simbólicas tocam-se mutuamente. Não é difícil perceber que estamos em um mundo múltiplo, de muitas alternativas antropológicas. Ampliam-se assim os horizontes das experiências vividas. Na obra, encontramos a necessidade de repensar o religioso e de modo especial o mundo cristão, de maneira nova e mais criativa vendo o homem, as culturas e as alteridades culturais simbólicas e religiosas não como sentimentos de auto-suficiência e superioridade, mas com espírito de acolhimento e hospitalidade. Isso porque há nos diversos mundos religiosos a tendência de proteger suas experiências primárias, reveladas, originárias. Tal tendência, se exacerbada, não abre espaço à alteridade. Tal abertura, porém, é essencial. Consciente disso, o Professor oferece em sua obra uma contribuição ao que ele chama "antropologia da alteridade". Antropologia e horizontes do sagrado compõe-se de dois grandes blocos. O primeiro apresenta reflexão metodológica acerca do modo de compreender o outro, e das possibilidades que se oferecem à compreensão do simbólico religioso que o outro enquanto tal, exprime.