ARTHUR VEROCAI - SAUDADE DEMAIS (LP) R3073

No final dos anos 1990, com a queda das vendas do formato vinil e a ascensão do CD, as lojas de discos foram inundadas com LPs que ninguém mais queria. Durante esse tempo, colecionadores, produtores e DJs do Japão, EUA e Europa vieram ao Brasil para comprar, por preços extremamente baratos, LPs de artistas brasileiros ainda negligenciados por esses lados. Alguns deles levaram o disco de Verocai para o mundo. O culto começou no Japão, mas logo chegou à Costa Oeste dos EUA, onde uma gravadora californiana relançou o álbum. Quem ousaria imaginar que, em breve, aquele disco se tornaria um banco de samples para o hip hop estadunidense? Mas antes disso acontecer, Verocai decidiu que voltaria a gravar um disco, o que aconteceu em 2002, exatos 30 anos após o lançamento de seu primeiro e homônimo álbum. Foi assim que Saudade Demais ganhou vida, mas apenas no formato CD, a mídia da vez naquele início de milênio.

O lançamento foi totalmente artesanal, independente e enxuto: “Não gastei quase nada, só para prensar, porque foi tudo feito no meu estúdio e os músicos eram todos meus amigos, todo mundo deu uma força. O bonito desse disco foi todo mundo ter colaborado. Foi um momento de união dos meus amigos para lançar algo, já que eu não podia investir no projeto". Os amigos foram Raul de Souza, Sanny e Luiz Alves, Robertinho Silva, Cristóvão Bastos, Márcio Montarroyos, Robertinho Silva e Toninho Horta, entre outros.

Em 2002 a bossa nova estava em alta no Japão e no mundo, muito graças ao sucesso de Tanto Tempo, de Bebel Gilberto, lançado pouco antes e um sucesso de vendas no exterior. É nesse clima de retorno, ressurgimento, inspiração e alento que Saudade Demais inicia, com “Verão À Toa”, declaração de Verocai ao seu amado Rio de Janeiro, assim como outros temas ensolarados que exaltam a Cidade Maravilhosa, como “Guanabara”, “Esse Rio”, “Nós Cariocas” e “Posto 6”. Deixando evidente sua paixão pela guitarra no decorrer do disco, executa um solo maravilhosamente peculiar logo na segunda canção do disco, “Isabel Tchau”. Na instrumental “Balada 45”, seu elegante e deslumbrante violão surge entre o melancólico e formoso trombone de Raul de Souza e a cozinha sempre sublime de Luiz Alves e Robertinho Silva.

Em meio a sambas, bossas e malícias jazzísticas, as composições vão se desenrolando de acordo com a própria carreira artística de Verocai e suas vivências. Temas de diversos períodos estão no álbum, alguns criados lá no final dos anos 1960, como “Um Novo Rumo” (parceria com Geraldo Flach), “Madrugada” e a faixa título (duas parcerias com Paulinho Tapajós). “Saudade Demais” foi uma das concorrentes do Festival da Canção de 1967, ao lado de três composições de Milton Nascimento: “Travessia”, “Morro velho” e “Maria, Minha Fé”. Já “Um Novo Rumo” foi defendida por Elis Regina no 1º Festival Universitário de MPB, em 1968, chegando à quarta posição.

Saudade Demais marca um “duplo retorno”, como Verocai costuma dizer. É um retorno ao disco autoral após sua longeva carreira nas trilhas publicitárias e também um retorno à sonoridade original do artista. Esta é a primeira vez que Saudade Demais é lançado em vinil no Brasil.

Esta edição Rocinante/Três Selos é em vinil preto180g, inclui encarte impresso e texto do jornalista e escritor Bento Araujo, autor da série de livros Lindo Sonho Delirante.

Tracklist

Lado A

A1. Verão À Toa (Arthur Verocai, João Luiz Magalhães) 5:00

A2. Isabel Tchau (Arthur Verocai) 4:24

A3. Madrugada (Arthur Verocai, Paulinho Tapajós) 2:53

A4. Sem Thereza (Arthur Verocai) 4:05

A5. Balada 45 (Arthur Verocai) 5:55

A6. Seja Feliz (Arthur Verocai, João Luiz Magalhães) 3:54



Lado B

B1. Posto 6 (Arthur Verocai) 4:21

B2. Esse Rio (Arthur Verocai, Sergio de Paula) 3:41

B3. Saudade Demais (Arthur Verocai, Paulinho Tapajós) 4:48

B4. Guanabara (Arthur Verocai, Aldir Blanc) 2:37

B5. Nós Cariocas (Arthur Verocai, Claudio Guimarães) 3:23

B6. Um Novo Rumo (Arthur Verocai, Geraldo Flach) 3:12


*A cor do disco está sujeita a oscilações devido ao processo de fabricação

**Imagens meramente ilustrativas