AS CINZAS DE MARIA

No ano 2000 assisti ao ótimo filme “As Cinzas de Angela”, de Alan Parker, baseado no livro homônimo de Frank McCourt. O tema me levou a ler o livro, o que me fez gostar mais ainda do trabalho de Parker que, embora mantendo sua independência criativa, realizou uma adaptação muito interessante da obra. E sabiamente evitou sentimentalizar os aspectos melancólicos e adversos da trama.

O livro – bem como o filme – é uma história sobre a vida com suas alegrias, tristezas, fracassos, sucessos, choros, risos, encontros, desencontros, enfim tudo o que pode acontecer – e acontece – na trajetória das pessoas.

Como digo nos meus livros sobre reflexões em torno do cinema e sua utilização em desenvolvimento, “cada espectador (a) vê um filme, de acordo com sua história, traços culturais, padrões, condicionamentos, conceitos e até preconceitos”.

Essa assertiva se fez presente no meu contato com o filme, tendo sido a motivação definitiva para que eu decidisse escrever “As Cinzas de Maria”, embora a ideia de realizar a desconstrução e construção dessa trajetória já existisse há tempos.

Preferiria que o livro tivesse sido escrito em forma de poesia, mas não tendo o dom do poeta, me apoiei na frase de David Carradine “se você não pode ser o poeta, seja o poema”, dita no filme “Esta Terra é minha Terra”, de Hal Ashby.