A saúde é um estado mais difícil de ser definido do que a doença, porque em geral não é sentida, enquanto a doença não perde oportunidade para atrair cruelmente a atenção do doente. No entanto, seria pouco satisfatório defini-la como simples ausência de doença, por ser evidente que ela representa um bem precioso e positivo e não uma espécie de lacuna. Num relato feito em tunis, em outubro de 1966, por ocasião de um colóquio sobre a evolução das estruturas familiares nos países do maghreb, o pe. Klineberg lembrava que, no congresso internacional de saúde mental de londres, em 1948, havia sido proposta a seguinte definição: “a saúde mental é um estado que permite o ótimo desenvolvimento físico, intelectual e emocional do indivíduo até o ponto em que é compatível com o dos outros indivíduos”. O pe. Klineberg lembrava também o recenseamento, tentado por marie jahoda, da universidade de sussex, das “diferentes definições positivas que ela conseguira encontrar na literatura psiquiátrica e sociológica”. Elas se reduziam a seis critérios que evocaremos seguindo klineberg: o primeiro critério se refere “às atitudes do indivíduo para consigo mesmo, compreendendo: seu acesso à consciência, a correção do sentimento de si incluindo a aceitação de si mesmo com limites e qualidades, o sentido da identidade, a consciência do que se é e de quem se é”. O segundo “é uma percepção correta da realidade, sem a distorção provocada por necessidades e desejos e incluindo a compreensão dos outros, a realidade de ver as coisas e as pessoas como são na verdade”. O terceiro “consiste na dominação do meio ambiente: ser adequado nas relações interpessoais do amor, do trabalho e do divertimento, ser ajustado às exigências da situação, em resumo, adaptação”. O quarto critério funda-se sobre a “integração, o equilíbrio; uma visão unificadora e consequente”. O quinto “é definido como a autonomia, a independência, a capacidade de se sustentar, de chegar a decisões próprias”. O sexto, finalmente, é representado pelo “fator de crescimento, de desenvolvimento, de realização própria com uma vida rica e variada”. O que é “exatamente o oposto de uma posição imóvel”; como assinala klineberg.