As indagações em torno do Projeto Político-Pedagógico (PPP) de uma escola rural em Jataí, interior do estado de Goiás, ancorou-se na premissa de que a escola amplia horizontes para o mundo do conhecimento, desde que a identidade cultural dos sujeitos que por ela passam sejam valorizadas. Na história da educação brasileira, a relação campo-cidade impactada por um passado colonial escravocrata, fez emergir no imaginário social que os espaços rurais e as pessoas que neles habitam são marcados pelo atraso. Projeção elaborada a partir de um mito que associava urbanidade e industrialização à modernidade e desenvolvimento. As pessoas do campo - negros africanos e indígenas escravizados, analfabetos da língua vernácula imposta pelos portugueses, bem como os imigrantes que os substituíram pós-abolição - produziram uma nova classe de miseráveis em um período em que não haviam políticas educacionais para essa população. A elite brasileira que se beneficiava diretamente das atividades agrícolas, desde o século XIX até o século XX, criou escolas para servir apenas sua própria classe social. Somente após a década de 1930 é que se criaram as escolas rurais, porém, como sendo um arremedo das urbanas, desconsiderando-se a população do campo e o contexto local. Daí a importância de se lançar o olhar sobre um PPP, oito séculos depois, identificando a identidade rural local ali expressa.