Contos, fábulas e mitos. De uma forma um tanto surreal e peculiar, a deixar o leitor de boca aberta, de espanto, de novidade, ao mesmo tempo em que sua narração nos traz boas risadas, o autor sintetiza textos da literatura ocidental desde poemas homéricos até o rompimento da linguagem pós-moderna, com um novo olhar, uma nova leitura, uma nova literatura. Pequenas histórias - como a da jangada dos mortos, usada pela personagem para escapar de uma ilha sem vegetação alguma, onde foi parar graças ao naufrágio do navio onde estava, igualmente aos vinte corpos que usou para construí-la; ou a do homem que passa a vida mudando de nome, ou melhor, sendo mudado de nome, até um ponto em que não agüenta mais e explode; ou até mesmo a do dragão azul, que bate na porta de um cidadão no meio da madrugada, e este passa horas resistindo a abri-la, imagi nando quem poderia estar a sua porta, se é que havia alguém ali, o que poderia querer alguém àquela hora? E, afinal, o que é que o dragão queria? - nos levam para um mundo meio louco, onde tudo é possível, mesmo o que nunca imaginamos que se pudesse imaginar. Mas para o fim, como todo bom contador de histórias, o autor nos reservou uma surpresa, no último conto podemos finalmente entender o que se passa, enxergar o espírito de toda essa loucura. E refletir.