Ele ensinou Marlene Dietrich a cantar Luar do sertão, foi paquerado por Rock Hudson e, de quebra, conquistou a admiração de artistas de estilos tão distintos quanto Cássia Eller, Branco Mello, Nelson Sargento, Gal Costa, Gilberto Gil e Maria Bethânia. Um dos mais polêmicos mitos da música popular brasileira finalmente ganha uma biografia: após exaustivo trabalho de pesquisa, o jornalista carioca Rodrigo Faour refaz a trajetória de Cauby Peixoto e mostra que há muito mais coisas para se conhecer e admirar no eterno intérprete de Conceição. "Cauby é corajoso. Assume que gravou muita música que não gosta por razões comerciais," explica o autor, que é fã assumido: "Adoro cantores de grande voz, passionais e com uma interpretação diferente." Em BASTIDORES - CAUBY PEIXOTO: 50 ANOS DA VOZ E DO MITO, Faour - que além de jornalista é pesquisador e crítico musical - mergulhou em recortes de jornais antigos, gravou depoimentos de personalidades e ouviu muita música para reconstruir a vida do primeiro cantor brasileiro a lançar um rock nacional. Mas esse não foi o único pioneirismo de Cauby. Ele também foi o primeiro artista nacional a usar uma agressiva estratégia de marketing. "Era tudo arquitetado por Di Veras, um industrial que nas horas vagas era compositor e acabou se tornando empresário de Cauby," conta Faour. Intérprete eclético, que já gravou um pouco de tudo ao longo dos cinqüenta anos de carreira, Cauby lançou várias modas: roupas, penteados, ritmos e formas de se expressar no palco. "Ele é um cantor de repertório dramático e porção kitsch, incluindo o guarda-roupa," argumenta o autor. O trabalho de reunir todas essas informações e tendências, no entanto, não foi nada fácil. "Fazer pesquisa no Brasil é terrível," se queixa, "dos anos 70 para trás, não há índice remissivo em nenhum museu ou biblioteca. Não dá para saber, por exemplo, em que jornais Cauby foi citado nas décadas de 50 e 60.