O Brasil e o Uruguai independentes, ambos países frutos do dinâmico e conturbado século XIX, ao mesmo tempo que compartilham a fronteira, historicamente sempre estiveram ligados por inúmeros vínculos políticos, econômicos e sociais. Enveredando por esse tema o presente livro discorre sobre as intensas e delicadas relações internacionais e diplomáticas presentes na pauta bilateral envolvendo o Império brasileiro e a República uruguaia em meados do Oitocentos, tecidas fundamentalmente a partir do prisma da escravidão. André Lamas, ministro uruguaio no Rio de Janeiro por longos anos, é o personagem central da obra. Destacado intelectual e político do Estado Oriental, viveu os dramas de defender seu país em um momento em que a soberania ou mesmo a existência da República esteve seriamente ameaçada. Criticado duramente por ter se abrasileirado, teve que lidar com seu próprio dilema de defender a pacificação e a independência orientais através de uma relação especial de aliança com o Brasil, e ao mesmo tempo se antepor aos avanços expansionistas do escravismo Imperial. Assim os frequentes e cada vez mais numerosos casos de escravizações ilegais de cidadãos negros livres uruguaios - através de expedientes como batismos forjados, documentos de propriedade falsificados e sequestros e inserção desses indivíduos como cativos no Brasil -, do mesmo modo que a utilização de trabalho forçado no solo livre oriental se transformaram em sensíveis e cruciais temas internacionais, sendo responsáveis pela produção de uma vultuosa documentação diplomática e envolvendo as mais altas autoridades de ambos os países. Para o desenvolvimento de tão extensa e multifacetada investigação o texto se nutriu de uma ampla pesquisa documental e se sustenta em conceitos e debates historiográficos da atualidade. Embora conservando a essência técnica e investigativa próprias do ofício da História, a narrativa se apresentada com clareza, simplicidade e fluidez. Desta forma possibilita acesso e interesse e