Do pensamento e da paixão de Hélio Pellegrino, o Brasil pôde recolher brilho, inconformismo, poesia e genialidade. Ao intelecto perscrutador, próprio de sua atividade clínica, este homem rebelde aliou, durante toda sua luminosa existência, o desregramento lucidamente poético e a preocupação permanente com seu tempo, seu país, seu mundo. Um dos veículos que Hélio usou para expressar sua inquietação foi a imprensa, para a qual colaborou de modo constante. 'A burrice do demônio' reúne parte do trabalho do psicanalista e escritor, publicado, sobretudo, nos jornais Folha de S. Paulo e Jornal do Brasil, abrangendo principalmente o período de 1982 a 1988. Não se trata, no entanto, de um livro póstumo, à revelia de decisão do autor. 'A burrice do demônio' é uma coletânea de 59 artigos, organizada a partir de conversas com Hélio, que se a princípio relutou, questionando a validade do projeto, depois entusiasmou-se com a possibilidade de editar o material disperso.