Livia Garcia-Roza fala das múltiplas descobertas de um jovem durante os ritos de passagem para o mundo adulto. Uma narrativa forte, que tem como ponto alto a simbiose entre o olhar feminino da escritora - de sutilezas e ambigüidades - e os sentimentos masculinos do personagem principal, um menino que se despede da infância. Sem rodeios, Livia Garcia-Roza trata de estabelecer, já no primeiro parágrafo do romance, a dimensão do conflito familiar que irá transformar a vida do jovem: a separação violenta e traumática dos pais. O pai, a fração responsável pela tranqüilidade protetora, passa a ser um simples espectador, um coadjuvante impotente. Com a ruptura, o cotidiano da família entra em área de turbulência. Para o adolescente e sua pequena irmã, o novo endereço é a casa da avó, um perfeito cartão-postal que, negando sua bela imagem, transforma-se em campo de batalha. No novo cenário, a aprendizagem do jovem é moldada pela imaturidade e inconseqüência da mãe, incapaz de protegê-lo da violência do novo amante, e pelos temores da avó que percebe a fragilidade emocional de seus três filhos.