CASA À VENDA - TURISMO, MERCADO DE IMÓVEIS E TRANSFORMAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL EM HAVANA

Nenhum processo de mudança foi tão radical quanto a Revolução Cubana. E em nenhuma esfera Cuba foi tão revolucionária como nas moradias. Ao democratizar o seu uso enquanto proibiu a propriedade, a revolução extinguiu a moradia como mercadoria. De uma tacada só, esvaziaram-se dois pilares de uma existência capitalista: em Cuba não haveria acumulação, mas também não haveria desamparo.
No entanto, as pressões mercantis voltaram. Com o fim da União Soviética, Cuba apostou no turismo como fonte de divisas e a economia se abriu progressivamente à iniciativa privada. As moradias condensam as contradições deste processo: sem deixar de servir aos moradores, são apreciadas por gerar renda via turismo. Mas até que ponto é possível conciliar a moradia como necessidade e a moradia como fonte de renda? Valor de uso com valor de troca? Socialismo com mercadoria?
Aline Miglioli analisa com competência e profundidade esta questão-síntese de uma revolução que sempre navegou entre o necessário e o impossível. Um livro imprescindível para compreender os desafios e contradições da Cuba contemporânea. Sem perder a ternura, nem a capacidade de pensar. Prof. Fábio Luís (Unifesp)