ÇEM POESIA

Algumas poesias me pareceram quadros do Salvador Dalí, juro que imaginei uma chuva dentro do armário, molhando a escuridão, como em Sentidos. Formas me remeteu à teoria platônica de que ideias possuem o mais elevado grau de realidade, “na clareza de tanta visão com forma de pensamento”. Quando Era tem um cheiro de saudade, aquela que “é quase sentir tudo outra vez”, mas que se tem que ir, pois “partir é o mais sensato”. O tempo é um tema recorrente, em Louco Relógio e em Passatempo é o ponto principal, em outros ele se insere elegantemente, como em Rotina: quando já se passou tanto tempo tanto tempo por fora tanto fora no tempo tão por fora somente E mais uma vez lembrei de Dalí, mais especificamente do quadro Persistência da Memória. Por falar em tempo, Velha Aliança faz a gente voltar ao passado com o autor, embora prescinda do estilingue. Velha Aliança é autobiográfica? E Chope também? Existiu um anel de tucumã? Levou mesmo o pai ao chope? Existe poesia não autobiográfica?