CIDADAO KANE

Esta nova análise crítica de Cidadão Kane traz de volta os mistérios que envolveram um dos melhores filmes de todos os tempos. Nestes seus cinqüenta e cinco anos de vida, foram feitos inúmeros estudos, porém a autora Laura Mulvey, cineasta, ensaísta e crítica de cinema, comenta o filme sob uma nova ótica. Ela retira o filme e seu legendário diretor, Orson Welles, do contexto cinematográfico para compará-lo com a história americana.
O 'discurso' de Cidadão Kane é enigmático por natureza e convida o leitor a estimulantes reflexões. O filme foi definido por Jorge Luis Borges como 'um labirinto sem centro'. É com este conceito de 'labirinto' que Laura Mulvey apresenta o filme. Com todas as suas pistas falsas e fáceis, seus caminhos fascinantes que levam apenas a perguntas e a dúvidas, uma obra-prima que com mais de meio século - o filme estreou em 1941, seis meses antes do ataque a Pearl Harbor - ainda incendeia a imaginação dos espectadores.
Toda a história dos escândalos e protestos contra o filme, por associar o personagem de Orson Welles ao tycoon da imprensa americana William Randolph Hearst, o contexto político de sua produção, já vasculhados em milhares de ensaios, também fazem parte desta 'tradução' de Laura Mulvey. A autora revela como a conduta política antifascista de Orson Welles, numa época pré-guerra, conduz a narrativa e a transfere de questões pessoais para questões da natureza política americana. Orson Welles constrói toda a sociedade americana no interior de um personagem mítico.