'A civilização feudal' é uma síntese crítica das mais importantes conquistas realizadas pelo estudo da Idade Média desde a obra pioneira de Jacques Le Goff, 'A civilização do Ocidente medieval' (1964), grande mestre a quem Baschet dedica o trabalho.O livro, cujo prefácio é assinado por Le Goff, está dividido em duas partes, além de um capítulo introdutório e outro conclusivo. Na introdução, Baschet nos propõe sua chave de leitura da Idade Média e justifica o aparente desvio de abordá-la a partir da América, isto é, tendo por referência a conquista do continente americano pelos europeus. Essa abordagem nos mostra definitivamente que o Ocidente medieval desencadeou imensa força de crescimento e expansão, identificável já por volta do ano mile que encontrou seu desdobramento mais vigoroso na conquista da América. Nesse sentido, a América nos mostra a força desse elã de crescimento medieval e nos coloca a impossibilidade de continuar falando da Idade Média como uma 'Idade das Trevas', fechada em si mesma. Como Baschet mostra ao longo da primeira parte do livro, 'Formação e desenvolvimento da Cristandade feudal', se houve momentos de maior fechamento, especialmente até o ano mil, a partir de então é evidente uma grande reversão de tendências, que colocou a cristandade medieval em ritmo de crescimento forte e determinante - justamente aquele movimento que desembocaria na conquista da América.