A repercussão do nascimento da ovelha Dolly foi uma surpresa para a bióloga e escritora Clara Pinto Correia. Além de perceber a comoção mundial que o anúncio da clonagem, sua área de atuação, provocou, não entendia por que os cientistas e divulgadores da Ciência haviam deixado de lado detalhes importantes, que agora deveriam ser explicados a um público ansioso e preocupado. Assim, a autora, que na época trabalhava nos Estados Unidos num laboratório responsável por clonagem de mamíferos (cujos bezerros clonados são muito anteriores à famosa ovelha), assumiu a tarefa de escrever um livro de ciência popular sobre o tema para corrigir, entre outras coisas, o que ela chama de "acidente de percurso": os avanços científicos não são transmitidos ao mundo de maneira eficaz e responsável. 'Clones humanos' promove uma discussão sobre os custos sociais no caso do sucesso das técnicas de clonagem humana e os interesses econômicos envolvidos, pois a embriologia tornou-se mercadoria comercial de prestígio nos últimos tempos. O livro atenta para a necessidade de um debate mundial a fim de que a humanidade encontre na ciência uma aliada, e não uma ameaça.