COBRA CRIADA

vozes como a que temos a oportunidade de ouvir aqui, nestas páginas, nos confirmam que a poesia contemporânea brasileira vai muito bem. aqui com seu veneno concentrado, ou o seu não veneno – falsa coral; se arrisca por defesa, ou será – verdadeira – “por vingança”? esta voz, que “não é de chumbo”, nos promete e nos compromete vencer o fastio do dia a dia, destes sempre tempos de cólera. para que não tornemos nosso tempo um envelhecido enferrujado, que somente nos consumirá pelos anos. o volume 24 da coleção ‘cabeça de poeta’, ‘serie contemporanea’, traz este tal de Mazinho Souza, com uma dicção tão própria que só é possível ouvir seus poemas pela sua própria voz (e qual é a sua voz de fato, senão esta ouvida logo a seguir?). agora, mais do que nunca, essa voz é nossa. Mazinho Souza é “cobra criada”.