COMO PIMENTA MASTIGADA

Escrever poesia é inventar significâncias, é um jeito de produzir perfumes para o ar que se respira. É degustar intensamente os sabores agridoces da existência para carpir a alma humana e seus abismos. Fazer poesia é tecer os fios com a força da sensibilidade. E sensibilidade é o que não falta a Patrícia Stankowich que, desde a adolescência já brincava sério com as palavras, já fechava os olhos e, tal como uma trapezista descuidada, saltava no lago gelado que é a literatura. Vinda de uma família da arte circense ela guarda seu talento e inventividade para a poesia, a rebeldia, o
pensamento plural e divagante. E carrega consigo a intuição dos nômades, o entusiasmo dos inquietos... Não é de se estranhar, portanto, seu caminhar pela psicanálise, filosofia e literatura. Ela sabe bem que a vida é campo minado.
Justamente por esse motivo, carece buscar alumbramentos para o viver. E assim o faz. E assim está sempre a fazer florir os campos por onde anda: neste livro de poesias; na psicanálise, área na qual atua clinicamente; no trabalho admirável e obstinado de acompanhamento psicológico a crianças com necessidades especiais; e, em família, junto com Nailton, seu amor, com quem compôs seus mais belos poemas: Julia, Laura e Hugo.
Leda Almeida Guerra (psicanalista e escritora)