Carioca apaixonado, Saturnino Braga exalta as maravilhas da cidade e revela: como o povo carioca, não existe igual no país. Apesar das dificuldades que o Estado enfrenta - nada diferente das que o resto do Brasil vive -, os cariocas sabem cultivar o "dever" de viver como ninguém. E exatamente por isso, há uma vocação natural da cidade para a filosofia. A liberdade de espírito impera e não permite que o povo se detenha na amargura dos problemas da vida, deixando de se preocupar para contemplar, amar e filosofar. Resultado: o Rio criou um sistema filosófico de vida, um modo de ser sem paralelo no mundo. Em Contos do Rio, Saturnino conta várias histórias, divididas em sete temas: doçura, vontade, sabedoria, força, razão, destreza e amor. Mas todas mostram que a vida é muito mais larga do que a nossa visão e a nossa fala. Braga diz que "o Rio vive mais a presença, o puro estar-aí; conhece bem a tristeza mas não a depressão, como conhece a ira mas não o ódio e o rancor. O Rio recebe o consumismo pela televisão, massificadamente, como se fosse de primeiro mundo, endivida-se em massa, paraíso de agiotas, para ter de imediato esse consumo, e acaba sempre preferindo a cerveja no lugar da poupança". Senador em seu terceiro mandato, carioca, engenheiro, economista, cantor lírico e escritor, Roberto Saturnino Braga começou sua carreira política elegendo-se deputado federal em 1962. Doze anos mais tarde, elegeu-se pela primeira vez senador pelo Estado do Rio, tendo sido reeleito em 1982. Foi prefeito da cidade do Rio de Janeiro entre 1986 e 1988. Atualmente, além da cadeira no Senado, ocupa a função de diretor geral da Fundação João Mangabeira, órgão de formulação de idéias e de assessoria do Partido Socialista Brasileiro.k