Um século transcorreu desde a primeira publicação em livro de "O Coração das Trevas", um século de luzes ofuscantes e trevas infernais, de maravilhas da ciência e da técnica a serviço do homem e também da destruição de multidões; de prodígios nas artes, na política de povos e nações, na aventura humana, mas de espetáculos estarrecedores de loucura coletiva, de destruição em massa, de atrocidades extraordinárias. Na literatura, profundidades insondáveis da condição humana foram exploradas sem limites extremos do conhecimento e da imaginação por nomes glorificados de todos os continentes cuja a lista ficaria incompleta sem James Joyce, Thomas Mann, Bertold Brecht, Alberte Camus, Machado de Assis, Guimarães Rosa, Jorge Luis Borges, para citar alguns.Com tudo isso, nos últimos cem anos, poucas obras literárias tiveram o glorioso destino de ser o apanágio de sua época e um repertório de premunições do futuro como ocorreu com "O Coração das Trevas", de Joseph Conrad. Editada e reeditada seguidamente em línguas incontáveis de todos os quadrantes do mundo, a jornada do marinheiro Marlow ao mistério de Kurtz e de sua própria consciência e condição humana nas profundezas abissais da selva africana se constitui numa referência perene da cultura mundial.