CORPO CRIVADO DE BALA

Tenso, nervoso e real. Em seu romance de estreia, Leopoldo Rosa apresenta um personagem que passa de vítima a algoz num piscar de olhos. Ele é como qualquer um de nós, e justamente por isso é passível de julgamento. Gael desperta raiva porque podemos colocá-lo no devido distanciamento que estabelecemos ao olhar racionalmente para a vida dos que nos são distantes. Mas também desperta empatia, porque todo o seu caminho seria justificado se ele nos fosse próximo. Na vida de Gael uma atitude naturalmente leva a outra e o desespero é o pretexto para toda e qualquer ação. Não é sobre ser bom ou ruim. É sobre como se entender no mundo e como não é possível ser triste ou feliz sozinho, mesmo que se queira. Todas as ações têm consequências compartilhadas.