O trabalho da professora Carla Avila é uma problematização dos processos de acesso às políticas de ação afirmativa no que diz respeito ao ensino superior. A autora atenta-se aos enredos teóricos que permeiam o racismo no Brasil e discute o papel dos movimentos sociais pautando a centralidade de um agente fiscalizador. O destaque com relação à escrita da professora Carla refere-se à construção histórica da categoria pardo como uma categoria em disputa e que está presente na análise e discussão da pesquisa, que, por sua vez, utiliza reflexões acerca de experiências compartilhadas de servidores, do movimento negro e de estudantes da Universidade Federal de Pelotas/RS. Destaco como um dos principais questionamentos a distinção entre direitos e privilégios. O pardo racializado versus o pardo branco ou branquíssimo, sendo essa a real categoria em disputa no cenário racista do acesso às instituições de ensino superior.
Estamos acessando assim um trabalho com escopo teórico e responsabilidade de escuta de falas ativas nesses processos, que interroga não só as comissões e as instituições, mas a sociedade brasileira sobre quem ela racializa.
Cassiane de Freitas Paixão
Socióloga, doutora em Educação. Professora Associada da Universidade Federal do Rio Grande. Atua em pesquisas relacionadas à temática etnico-racial, políticas públicas, comunidades tradicionais e sociologia brasileira