Democracia, como “De Consolatione Philosophiae” de Boécio, é uma das formas dialéticas da cruciante busca do intellectus quaerens fidem, e não é apenas uma forma para despontar a sabedoria estóica que baliza preceitos, normas e atitudes sábias para enfrentar a adversidade e a dor. Como explicar que o curso da Democracia ou das coisas humanas esteja tão pouco de acordo com a ordem perfeita que reina na natureza?; Se Deus existe, de onde vem a injustiça e o mal que governam as ações dos homens contrários à Democracia?; e, no que diz respeito propriamente à Democracia, devemos compreender para crer (intellectus quaerens fidem) ou crer para compreender (fidem quaerens intellectus)? Pois, ser bem verdade que não se ama o que não se conhece ou não se conhece o que não se ama não é necessariamente uma alternação, dada a implicação da adição. Ou seja, não se ama a Democracia porque não a conhecemos ou não conhecemos a Democracia porque não a amamos. Um paradoxo! Sem dúvida alguma! Nele incorremos em razão do problema filosófico da indução, cuja assertiva de caráter universal, originária da observação e experiência específica, não subsiste em razão do caráter contingencial e próprio da observação e da experiência. Assim, o que resta ao leitor senão a reflexão em que pese o significado de Democracia e a significação que damos quando fazemos uso do mesmo.