Em O dia em que perdi meus superpoderes, um menino narra suas “aventuras” em um ambiente doméstico. As aspas são para marcar essas aventuras, que acontecem por meio do menino descrevendo seus “superpoderes”, em contraste com as ilustrações, que apresentam cenas prosaicas, cotidianas, narradas pelo menino como façanhas heroicas. Esse contraste aparece, por exemplo, no momento em que o menino diz ter o superpoder de invisibilidade, com a mãe irritada em primeiro plano, por causa de alguma “superbagunça”, enquanto ele aparece ao fundo, escondido embaixo da cama, ou quando nosso herói diz ser capaz de fazer coisas desaparecerem olhando para um doce sobre a mesa ou, ainda, quando diz ter o poder de se comunicar com animais, enquanto a ilustração mostra ele dando diversas ordens para seu cachorro, que o ignora. O livro é construído com um humor particular nessa interessante diferença entre o que o menino diz e o que a ilustração “desdiz” ou nesse contraste entre o fantástico e o prosaico, ou a imaginação do menino e a “realidade”.