DIÁLOGO COM OS CÉTICOS

Alfred Russell Wallace é talvez a maior prova de como o preconceito da ciência oficial pode deixá-la em ridícula situação. Um dos mais geniais pensadores do seu tempo, autor, junto com Darwin, da teoria da evolução das espécies a partir da seleção natural, foi posto à margem da história da ciência pelo simples fato de ter se ocupado das pesquisas do espiritismo.

Na verdade, Wallace fez bem mais do que isso. Dotado de notável senso científico, foi dos primeiros a estabelecer as bases de pesquisa da nova área do conhecimento que se apresentava nos tempos modernos.

Em relação a Allan Kardec, de quem foi contemporâneo e com quem, pelo que sabe, não manteve contato, possui inexplicável semelhança de ideias. O leitor mais afeito à obra de qualquer um dos dois terá a nítida impressão de que os textos de um autor foram transcritos para os de outro, tal a identidade de pensamento de ambos.

Muito mais preocupado com o aspecto universal que a realidade universal que a realidade espiritual trazia do que com as pequeninas comprovações de fenômenos mediúnicos daqui e dali que entusiasmaram o mundo científico da época, Wallace buscou logo desenvolver um sistema metodológico que pudesse dar estrutura à pesquisa da nova fenomologia. Talvez por esse motivo, os historiadores da ciência não tenham perdoado. Quando não se consegue responder, é mais fácil ignorar-se.

Diálogo com céticos é o resultado de uma conferência feita por Wallace, em 1871, na Sociedade Dialética, para expressar sua inconformação com a superficialidade dos argumentos de David Hume, que ganhava corpo no meio científico, e que tentavam negar a realidade dos fenômenos espíritas sob o argumento de que nenhum fato, por mais evidente que se demostre a uma testemunha, pode comprovar a realidade do sobrenatural exatamente por ser esse fato sobrenatural.

O célebre naturalista inglês usou de toda sua genialidade autodidata para dar corpo ao que podemos chamar de primeira proposta para uma epistemoliga da ciência espírita, necessariamente diversa da epistemologia da ciência da matéria exatamente pelas diferenças dos objetos de pesquisa.

Esta obra, além de atualíssima, é de urgente divulgação entre os pesquisadores contemporâneos do espiritismo, nesta época em que observamos as pesquisas espíritas adentrarem novamente o universo acadêmico".