O diálogo dos inconscientes: introdução à vida e obra de Sándor Ferenczi, Uriel García Varela reconstrói a figura de Sándor Ferenczi, um dos pensadores mais originais e relegados da psicanálise. Através de uma jornada que combina história intelectual e reflexão clínica, o autor mostra como Ferenczi antecipou muitas das transformações que definiriam a psicanálise contemporânea: a atenção ao trauma infantil, a centralidade da relação mãe-bebê, a empatia como ferramenta terapêutica e a noção de uma comunicação inconsciente entre paciente e analista. O livro sustenta que Ferenczi foi, sem saber, o verdadeiro fundador da psicanálise do século XXI, ao deslocar o foco da repressão para a cisão, a regressão e a reparação do self ferido. Uriel García Varela também revisa a história de seu silenciamento — o Totschweigen (a morte pelo silêncio), como Arnold Wm. Rachman o chamou — pelas mãos de Ernest Jones e reivindica seu posterior “renascimento” dentro da comunidade analítica. Com uma prosa rigorosa, mas sensível, o texto entrelaça biografia e teoria para mostrar como Ferenczi, por meio de sua intuição clínica e abertura emocional, transformou a figura do analista: de intérprete distante a participante empático de um espaço de transformação e complementaridade, onde dois inconscientes dialogam e se curam mutuamente. Mais do que uma revisão histórica, este livro é uma homenagem à coragem intelectual e humana de Ferenczi, cuja obra, como afirma o autor, continua marcando o ritmo da psicanálise atual.