Jimmy Hendrix escreveria e até escolheria Einstein como parceiro. Madonna, Che Guevara e James Dean também. Mas Leila Diniz e Raul Seixas não ficariam de fora. Afinal, todo eles (e muitos outros) nunca se recusaram a participar. De nada. Estavam em todas e, de um jeito ou de outro, todos esses "rebeldes" do bem saberiam como escrever o seu próprio "manual de rebeldia". Em 35 sátiras paginadas em ordem não alfabética, 'Dicionário - O pequeno rebelde' convida qualquer um a cultivar, ainda que quase em absoluto segredo, pequenas chamas de contestação. Os grandes temas da infância - arrumar, obedecer, paz, estudar - trazem definições falsamente ingênuas. Muito assunto para rir, refletir e dialogar. Irreverente, o pequeno rebelde oferece seus próprios conceitos de amor, bobagem, coragem, pesadelo, poluição e muitos outros. Cáusticos, não resta a menor dúvida, mas, acima de tudo, lúcidos. Uma visão peculiar dos adultos, vinda de alguém que gosta mesmo é de observar e defender as próprias opiniões. O dicionário leva o rótulo, é verdade, mas passa ao largo do que se acostumou a classificar como tal. Nada a ver, sejamos honestos, com os modelos tradicionais. Mesmo que fique clara a irônica, ainda que discretamente velada, alusão ao Petit Robert, um dos mais famosos dicionários franceses, principalmente no que diz respeito à sonoridade do título. Nada a ver também com seriedade, até porque a recomendação é: divirta-se muito. O pequeno rebelde detesta arrumar, seja lá o que for. Não entende a mania que as pessoas grandes têm de mandar organizar, mandar fazer, mandar carregar, mandar, mandar etc. No dicionário feito por ele nada mais natural do que desobedecer, ignorar as ordens dos adultos, cruzar os braços e não arrumar mais nada. Se fosse possível, inclusive, subverteria todas as ordens. Começando por aquela detestável, a tal de ordem alfabética. E não é exatamente isso que acontece? 'Dicionário O pequeno rebelde', portanto, não corresponde mesmo a qualquer padrão.