Voltaire é uma das figuras centrais do Iluminismo, celebrado por seu incansável combate à intolerância e por sua defesa da razão como pilar da convivência humana. Esta obra oferece uma análise do conceito de tolerância em Voltaire, com foco em seu Tratado sobre a Tolerância, mas também explorando outras de suas obras, como as Cartas Filosóficas e o Dicionário Filosófico. No coração desta análise está a relação entre a tolerância e o direito dogmaticamente organizado. Voltaire defende que a tolerância deve ser uma característica intrínseca de qualquer sociedade que aspire à justiça e à paz, o que só seria possível quando as leis são fundamentadas na razão e não em dogmas teológicos. Esta perspectiva se opõe ao fanatismo religioso que marcou a sociedade francesa do século XVIII, oferecendo a visão de um direito que, separado da teologia, assegura a liberdade individual e a convivência pacífica. A obra também explora como Voltaire utilizou uma estratégia literária única para combater a intolerância, ilustrada no caso trágico de Jean Calas, que se tornou um símbolo da injustiça gerada pelo fanatismo religioso. Voltaire emprega narrativas que expõem as terríveis consequências da intolerância, ao mesmo tempo em que argumenta pela necessidade de um direito fundamentado na razão. Autores como Reale, Adeodato, Pufendorf, e Arendt auxiliam na contextualização e aprofundamento da análise. Giovanni Reale contribui para entender a influência do jusnaturalismo iluminista na filosofia de Voltaire, enquanto Adeodato fornece a base etnometodológica para a análise retórica dos eventos. A perspectiva cética de Voltaire, discutida ao longo do livro, mostra como ele se distancia do dogmatismo e defende uma convivência baseada no respeito mútuo, elemento fundamental para um direito que seja verdadeiramente justo. Além disso, a obra aborda o papel do medo na sociedade francesa do século XVIII, revelando como ele foi utilizado como instrumento de controle social e como esse medo, alimentad