DUBLINENSES

Um retrato vívido da Dublin no início do século XX.

Escrito no final do século XIX, Dublinenses reúne quinze contos inesquecíveis e explora com sensibilidade temas como paralisia, identidade e a busca por significado e critica as limitações impostas pela sociedade.

O conto de abertura, As Irmãs, dá o tom da obra ao apresentar um jovem que reflete sobre a morte do Padre Flynn, um mentor cuja influência em sua vida foi, ao mesmo tempo, marcante e perturbadora. Entre a dor da perda e um alívio indefinido, o garoto revisita memórias ambíguas e se depara com diferentes percepções sobre a figura do sacerdote. Com descrições vívidas e uma profunda carga emocional, Joyce constrói uma narrativa que envolve o leitor em uma atmosfera de mistério, culpa e descobertas, preparando-o para a complexidade e a riqueza das histórias que seguem.

Uma obra essencial da literatura moderna, Dublinenses revela, com maestria e realismo, a alma de um país, de uma cidade e de seu povo.

“Me recuso a aceitar que meu livro se tornou um fiasco solene.”

A frustração de James Joyce com a publicação de Dublinenses em 1914 foi fruto de uma década de embates com editores, que exigiam a remoção de palavrões, nomes de lugares reais e até mesmo duas histórias inteiras. Mas Joyce, ainda jovem aos 24 anos, já reconhecia o valor de sua obra e resistiu a qualquer alteração, certo de que modificá-la significaria retardar o curso da civilização na Irlanda.

Seu objetivo era claro: dizer a verdade. Criar um retrato honesto da Irlanda do início do século XX, sem recorrer a eufemismos, para revelar aos próprios irlandeses uma realidade desprovida de romantismo – um passo essencial para a libertação espiritual do país.

Ao longo de quinze contos marcantes, Joyce conduz o leitor por pequenas epifanias do cotidiano: uma morte, um encontro inesperado, uma oportunidade perdida, uma lembrança que ressurge. Juntas, essas histórias compõem um retrato profundo e inesquecível de uma nação e de seu povo.