A DUQUESA E O CÉU Sérgio Lemos Uma crítica à imposição da modernidade como valor absoluto. Em A DUQUESA E O CÉU, Sérgio Lemos retoma a literatura picaresca de séculos atrás. Recorre a uma linguagem afetadamente clássica, até arcaica. Mas, antes de mais nada, o livro é um debate filosófico também clássico: a incompatibilidade lógica entre a existência de Deus e a existência do Mal. Nele, o autor faz, também, uma alusão ao naufrágio de todos os idealismos, fenômeno típico deste fim de século. O livro narra as aventuras e desventuras de uma surrealista fidalga do século XVII, que sonha restaurar a independência de Portugal - então sob o domínio espanhol, depois do sumiço do rei Sebastião I na batalha de Alcácer-Quibir. Em meio a intrigas da corte, peripécias e confusões - o próprio Lemos considerava a protagonista "personagem já de si implausível" -, a duquesa vem parar no Brasil colônia, onde a história encontra o seu desfecho. O tom irônico das alusões religiosas e teológicas oculta a profunda afeição do autor por todas as tradições judaico-cristãs e, ao mesmo tempo, um inconformismo em relação ao radicalismo das instituições que se multiplicam nesse terreno. Sergio Lemos nasceu no Rio de Janeiro em 1935. Formou-se em Direito e Sociologia pela PUC-Rio e em Ciências Sociais pela Universidade de Laval, no Canadá. Trabalhou com consultor, redator e chefe de pesquisa em diversas publicações, entre elas o Jornal do Brasil e o Correio da Manhã. Em 1998, faleceu no Rio de Janeiro, deixando dois romances e a coletânea de poesias A luz no caleidoscópio, publicada em 1998.