EDUCAÇAO POPULAR E CONSCIENTIZAÇAO

Eis um livro de uma história estranha. Não era para ser um livro e acabou sendo. Escrito originalmente em português, e para ser publicado no Brasil, à contra-corrente das vozes e do poder do governo militar, acabou sendo publicado em espanhol, na Argentina. Apenas dez anos mais tarde; já em tempos de "abertura", foi finalmente editado no Brasil. Educação Popular e Conscientização - é o resultado de um trabalho de uma equipe de educadores brasileiros na América de fala espanhola, entre Buenos Aires e San José da Costa Rica. O autor da equipe que o assina é um notável teólogo uruguaio. Ele declara na introdução que o livro foi, na verdade, escrito à várias mãos. As suas e o seu nome deixaram no anonimato os nomes de brasileiros sabre os quais pesariam perigos e ameaças, em tempos em que, no Brasil dos últimos anos 60 até os primeiros 70, a expressão Educação Populares, mesmo quando desacompanhada de verbos, considerada pelos juízes militares como subversiva e impronunciável. Durante alguns anos, uma equipe de educaores brasileiros viajou por países da América levando a educadores e a outras mil causa popular algumas idéias e sugestões suas para um trabalho tornado subterrãneamente reprimido desde 1964. Artigos foram escritos e multiplicados em mimeógrafo e papel jornal, para acompanhar os cursos e oficinas. Foi em algum lugar dos Andes onde surgiu a idéia de que, revisto e acabado, o conjunto de escritos provisórios desse origem a um livro. Quando ficou pronto em uma reunião em Montevidéu entre participantes do Movimento Ecumênico Igreja e Sociedade na América Latina, ficou resolvido editá-lo pela Tierra Nueva, em Buenos Aires. Acabou saindo pela Siglo XXI. Poucos anos mais tarde, o golpe militar argentino proíbe novas edições. Há vagas notícias de que, junto de vários outros, a edição publicada foi apreendida e destruída. Por vários anos a obra foi editada no México e, mais tarde, na Espanha.