Este livro é o terceiro de uma trilogia resultante de ampla pesquisa sobre a educação profissional brasileira. Além da origem e do tema, no entanto, há outras especificidades comuns aos três livros merecedoras de destaque. A primeira delas é a busca por situar a políticas educacionais no âmbito das contrarreformas que têm marcado o Estado brasileiro desde o golpe de 2016. Como o leitor poderá perceber, o pano de fundo dos capítulos que integram a coletânea baseia-se nas agruras da política ultraconservadora e antipopular adotada pelos governos de turno do período 2016-2022. Política, aliás, tida como guia também por diversos governos estaduais, como bem evidencia o livro. O segundo ponto comum aos volumes da trilogia diz respeito à maneira como é assumido o campo complexo que caracteriza a educação profissional brasileira. Há um realce, particularmente acentuado neste volume, à síntese “Educação Profissional e Tecnológica (EPT)”, que, imagino, não foi escolhido à toa. A luta por um projeto educacional centrado politicamente na noção de politecnia é o que fornece conteúdo e forma ao conceito de EPT: educação, ideia mais abrangente que ensino; profissional, menos impositiva que profissionalizante; tecnológica, remetendo aos determinantes sociais e políticos da tecnologia, muito além de uma mera força produtiva – desde Marx, passando pelos pioneiros da educação soviética e por Gramsci, é legítimo o uso da expressão “educação tecnológica” para tratar da politecnia.Essa perspectiva está presente na reivindicação que Henrique Tahan Novaes, Domingos Leite Lima Filho e José Deribaldo Gomes dos Santos fazem da EPT, síntese dos embates históricos das décadas de 1980 e 1990 e dos primeiros anos dos 2000. Por outro lado, ao confrontar os dois pontos que destaquei anteriormente, fica nítido como a própria ideia de EPT é, ao mesmo tempo, ponto de chegada das lutas de uma quadra histórica específica e ponto de partida dos novos desafios trazidos pela atual conjuntura. Essa dialéti